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Saúde

Projeto monitora impacto das queimadas no ar e na saúde da população de MS

24 março 2025 - 09h25Gesiane S. Lourenço

O programa Vigiar foi criado para identificar as áreas mais afetadas pela poluição atmosférica e, a partir disso, adotar medidas preventivas e de monitoramento. O objetivo principal é garantir a proteção da saúde da população exposta a esses poluentes, especialmente em locais com alta concentração de fontes de poluição, como áreas industriais, regiões metropolitanas e zonas com altos índices de queimadas, como a região do Pantanal.

O Vigiar faz uso de um conjunto de dados para mapear os focos de poluição e entender como isso impacta a saúde da população. Informações sobre internações hospitalares por doenças respiratórias e dados ambientais, como a presença de fontes fixas de poluentes (indústrias), fontes móveis (frota veicular) e a queima de biomassa (queimadas e incêndios florestais), são analisadas constantemente. Esse monitoramento contínuo permite a identificação precoce de áreas de risco e a implementação de ações mais eficazes de prevenção.

"O impacto da poluição atmosférica na saúde da população sul-mato-grossense exige uma abordagem científica e integrada. O programa Vigiar tem sido fundamental para identificar padrões de exposição e correlacionar os efeitos dos poluentes com o aumento da demanda por atendimentos de saúde”, explica o coordenador de Vigilância em Saúde Ambiental e Toxicológica, Karyston Adriel Machado da Costa.

Impactos da poluição no sistema de saúde

 

A qualidade do ar, além de ser uma preocupação ambiental, reflete diretamente nos números do SUS (Sistema Único de Saúde). O aumento das consultas médicas, internações hospitalares e o uso intensivo de medicamentos e equipamentos hospitalares estão entre os reflexos da degradação do ar. A população mais vulnerável a esses efeitos são as crianças, os idosos e as pessoas com comorbidades, como doenças pulmonares crônicas e problemas cardíacos.

Entre os problemas mais comuns, causados pelos efeitos da poluição à saúde, estão as doenças respiratórias, como asma, bronquite e outras pulmonares. Além disso, a exposição contínua a poluentes pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares, como infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral, especialmente em pessoas com histórico de doenças cardíacas. A poluição também pode contribuir para o surgimento de problemas oftálmicos, dermatológicos, gastrointestinais, além de agravar condições de saúde mental, como estresse, ansiedade e depressão.

Idosos, crianças e pessoas com comorbidades estão entre os mais afetados pelo efeito da poluição do ar. Foto: Bruno Rezende

Análise de dados: internações e atendimentos

 

A análise dos atendimentos da Atenção Básica à Saúde revela um aumento na demanda por atendimentos individuais em 2024. Dados extraídos do Sistema de Informações Hospitalares do Ministério da Saúde e analisados pelo Vigiar apontam que os casos de asma cresceram 13% em MS em relação a 2023, enquanto os atendimentos para bronquite registraram alta de 7%. 

Os números indicam que, embora as internações hospitalares não tenham mostrado uma alta expressiva, os serviços de saúde básica têm enfrentado uma crescente demanda, refletindo os impactos da poluição no cotidiano das pessoas. Esses atendimentos são um reflexo de problemas respiratórios agravados pela poluição do ar, especialmente durante o período de queimadas.

Atenção especial à região do Pantanal

 

Em 2024, os municípios mais afetados pelas queimadas e poluição atmosférica foram prioritariamente monitorados pelo Vigiar. Cidades como Corumbá, Aquidauana, Porto Murtinho, Miranda e Naviraí foram identificadas como as mais impactadas pelos focos de calor, segundo dados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Estas áreas têm recebido uma atenção especial do Governo do Estado, que intensificou o monitoramento e as ações de saúde para proteger as populações locais, que são as mais vulneráveis aos efeitos da poluição.

Estratégia de vigilância: unidades sentinelas

Uma das grandes inovações do Vigiar é a Estratégia Unidade Sentinela, que visa monitorar os casos de doenças respiratórias em áreas prioritárias, como regiões industriais, zonas de alto tráfego e locais diretamente impactados pelas queimadas. Esta estratégia possibilita a coleta de dados que muitas vezes não são capturados pelos sistemas tradicionais, permitindo a detecção precoce de casos e a implementação de medidas de controle de forma mais ágil e eficaz.

A Unidade Sentinela contribui para o monitoramento da saúde da população e possibilita a adoção de medidas rápidas para interromper a cadeia de adoecimento. A agilidade nas respostas permite que os gestores de saúde possam intervir de forma mais eficaz e minimizar os danos à saúde pública.

Monitoramento Integrado

 

O trabalho integrado entre o Vigiar e a Vigidesastres, que monitora os riscos de desastres ambientais, tem sido fundamental para coordenar ações de saúde pública e defesa civil durante o período crítico das queimadas. Em julho de 2024, a SES, junto com técnicos do Vigiar e o Cievs (Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde), acompanhou de perto a situação de saúde em Corumbá, monitorando as internações e notificações relacionadas às queimadas e oferecendo suporte contínuo para a população local.

Secretário de Estado de Saúde, Maurício Simões Corrêa, destaca a importância do monitoramento. Foto: Saul Schramm

“O Vigiar tem se mostrado uma ferramenta essencial na luta contra os efeitos da poluição do ar sobre a saúde pública em Mato Grosso do Sul. Com ações coordenadas, monitoramento contínuo e estratégias como as Unidades Sentinelas, o programa oferece uma resposta eficaz e eficiente para enfrentar os desafios impostos pela poluição atmosférica. Além disso, a integração com outras áreas da saúde, como a Vigidesastres, fortalece a capacidade do Estado de proteger a saúde da população, garantindo que as comunidades mais vulneráveis recebam o suporte necessário para minimizar os impactos da poluição”, avalia o secretário de Estado de Saúde, Maurício Simões Corrêa. 

Além das ações específicas para as doenças respiratórias, o Governo do Estado tem adotado medidas para prevenir surtos de doenças diarreicas, que tendem a aumentar devido à poluição da água e às condições sanitárias precárias durante o período de seca. *Com informações da Comunicação da SES-MS

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