Política

Mapeamento das estradas vicinais de MS aponta desafios para aprimorar logística rural

22 MAR 2025 • POR Gesiane S. Lourenço • 09h51
Falta de drenagem é um dos principais problemas apontados pelos pesquisadores. - Foto: Divulgação

O estudo desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial (Esalq-Log) da USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), ocorre a partir da publicação da Portaria nº 777/2025, do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que estabelece diretrizes para a melhoria da infraestrutura rural no Brasil. O programa prevê a abertura de 10 mil quilômetros de novas estradas rurais por ano, além da destinação de recursos para a manutenção das vias já existentes.

O estado de Mato Grosso do Sul foi escolhido como local de estudo e coleta de dados para a pesquisa que visa identificar desafios e propor soluções para aprimorar a logística das estradas vicinais, beneficiando diretamente produtores rurais e gestores públicos.

Os pesquisadores Fernando Bastiani e Sarah Tosi percorreram a microrregião de Dourados, onde ouviram mais de 70 gestores, produtores e representantes do setor para compreender as condições das estradas e os principais desafios enfrentados. Ao todo, foram percorridos 1.300 km dentro do estado, sendo 500 km em estradas vicinais.

Embora os detalhes sobre a execução da iniciativa ainda estejam em fase de definição, o mapeamento conduzido pelos pesquisadores pode servir como base técnica para subsidiar políticas públicas e direcionar investimentos de forma mais estratégica.

“Esse trabalho também pode dar suporte para cobrarmos do poder público melhorias efetivas no sistema de estradas vicinais, garantindo que os recursos sejam aplicados onde realmente há necessidade. Escolhemos oito microrregiões para fazer o estudo prático, mas os resultados serão gerados a nível Brasil”, destacou o pesquisador Fernando Bastiani.

Para Sarah Tosi, a participação de Mato Grosso do Sul no gerenciamento dessas vias é perceptível, mas ainda há dificuldades, especialmente relacionadas à troca de gestões municipais.

“Notamos que em Mato Grosso do Sul há uma organização relevante e um esforço contínuo para mapear a infraestrutura existente. No entanto, a mudança de governos impacta diretamente a manutenção das estradas”, explicou a pesquisadora.

Estudo irá apresentar levantamento detalhado sobre a condições das estradas vicinais e oferecer subsídios para políticas públicas no setor. Foto: Divulgação

Desafios identificados

Os pesquisadores destacam a falta de drenagem adequada nas vias, que resultam em problemas como atoleiros e buracos, além da ausência de manutenção em pontes, que dificulta a passagem. Outro ponto é a necessidade de capacitação de operadores de máquinas“A mão de obra qualificada para operar as máquinas que fazem a manutenção das estradas ainda é um desafio em várias regiões do país”, acrescentou Fernando Bastiani.

As visitas dos pesquisadores em MS foi acompanhada pelo diretor-executivo da  Famasul, Lucas Galvan. “O Mato Grosso do Sul já possui mecanismos como o Fundersul, que auxiliam na manutenção das vias, mas há sempre espaço para melhorias, e informações técnicas como essas ajudam a planejar o futuro da logística rural de forma mais eficiente”, afirmou Galvan.

Outro ponto relevante abordado pela pesquisa é a importância das estradas vicinais para o escoamento da produção agropecuária. Essas vias são responsáveis por conectar propriedades rurais a rodovias estaduais e federais, influenciando diretamente a competitividade do setor agropecuário. Em períodos de chuvas intensas, problemas estruturais prejudicam o transporte de insumos e a distribuição da produção, impactando toda a cadeia produtiva.

Ao final do estudo, será apresentado um levantamento detalhado sobre a condição das estradas vicinais no Brasil e oferecer subsídios para políticas públicas e investimentos no setor. O projeto ainda passará por outras microrregiões antes da conclusão dos trabalhos. *Com informações da Famasul

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