Geral

Queimadas no Pantanal: veterinários explicam detalhes do resgate de animais

Veterinários e voluntários lutam para salvar animais feridos e desidratados

24 OUT 2024 • POR Redação do Capital do Pantanal • 08h43
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), 10% do Pantanal já foi consumido pelo fogo. - Foto: Divulgação

Nos últimos meses, as queimadas devastadoras no Pantanal, especialmente nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, atingiram proporções alarmantes. As chamas, alimentadas pela seca extrema e pela ação humana, já destruíram vastas áreas do bioma, impactando gravemente a fauna local.

Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), 10% do Pantanal já foi consumido pelo fogo, colocando em risco inúmeras espécies de animais. Com a vegetação destruída e os recursos naturais escassos, os animais silvestres sofrem com queimaduras, desidratação e a falta de alimento.

Por isso, veterinários e voluntários têm atuado na linha de frente, resgatando e tratando esses animais, numa verdadeira corrida contra o tempo.

A situação atual do Pantanal

O Pantanal é um dos maiores ecossistemas do mundo, mas vem enfrentando um aumento significativo de queimadas, especialmente durante os períodos de seca. As mudanças climáticas, associadas ao desmatamento e à expansão agrícola, têm contribuído diretamente para o agravamento do quadro.

Com isso, a falta de chuvas prolongadas transforma a vegetação em combustível para os incêndios, que se alastram rapidamente, dificultando o combate. Já foram identificadas também práticas ilegais, como a queima de áreas para a limpeza de terrenos, que agravam ainda mais a situação.

Como os animais foram encontrados?

Muitos dos animais resgatados têm sido encontrados em estado de extrema vulnerabilidade. A maioria dos casos envolve queimaduras nas patas, desidratação severa e exaustão.

No caso de animais mais ágeis, como a onça-pintada, estes ainda conseguem fugir do fogo, mas sofrem com as consequências indiretas, como a destruição de seu habitat e a escassez de alimentos. Já espécies menos móveis, como répteis e anfíbios, têm sido os mais afetados.

O veterinário Felipe Coutinho explicou que, nos primeiros socorros, a maioria dos animais resgatados apresenta ferimentos superficiais, mas, em casos mais graves, como queimaduras profundas ou desidratação extrema, a intervenção é imediata, algo que descreveu "Se deparar com cenas de animais mortos ou em situações em que não conseguem sair da área é bem triste."

Eduarda Fernandes Amaral, é guia de ecoturismo e atuou na região, destacando a complexidade do problema: "Os bichos não ficam parados. Eles vão atrás da água. Quando a mata é fechada, eles não têm muito para onde correr e acabam ficando desorientados." O que torna o resgate dos animais uma tarefa árdua e urgente.

A união de profissionais para o resgate

O esforço para salvar os animais do Pantanal envolve uma rede de profissionais dedicados, incluindo veterinários, biólogos, guias locais e voluntários. Equipes de resgate percorrem as áreas afetadas para identificar animais em perigo, prestando os primeiros socorros e transportando eles para postos de atendimento emergencial.

Jorge Aparecido Salomão Jr., veterinário voluntário, falou da importância do trabalho colaborativo: "Nós patrulhamos a região das queimadas em busca de animais feridos e espalhamos água e comida nas áreas afetadas." Como pode ver, a ajuda não se limita apenas ao resgate físico dos animais; há também um grande esforço para fornecer fontes de água e alimentos, essenciais para que os animais possam se reidratar e sobreviver até que o ambiente natural se recupere.

Voluntários envolvidos no resgate

A participação dos voluntários é crucial para o sucesso dessas operações, e pessoas de diferentes partes do Brasil têm se deslocado até o Pantanal para colaborar nas ações de resgate.

Profissionais como a estudante de veterinária Helena Aimeé Santos Lima, que se juntaram ao esforço voluntário para ajudar no atendimento de animais feridos. Ela descreveu as dificuldades que a equipe enfrenta diariamente: "A fumaça dificulta a respiração e a comunicação entre as equipes, mas a gente faz o que pode."

Além dos voluntários individuais, ONGs, como a Ecotrópica e a Ampara Animal, estão envolvidas diretamente no resgate e na manutenção de pontos de alimentação e água para os animais. Um trabalho contínuo fundamental, pois, mesmo após as chuvas, a regeneração das áreas afetadas levará tempo.

A importância da conscientização

Enquanto as equipes de resgate trabalham incansavelmente para salvar a fauna do Pantanal, é necessário que a sociedade se envolva na conscientização e prevenção das queimadas.

A recuperação completa das áreas afetadas pode levar décadas, por isso, iniciativas de conscientização e educação ambiental são cruciais para evitar que tragédias como essa se repitam.

Formas efetivas de ajudar a preservação do bioma é aumentar as denúncias sobre focos de incêndio e apoiar as campanhas de doação. Além disso, é fundamental que se incentive o treinamento de profissionais capacitados para atuar em situações de emergência e resgate de animais em desastres ambientais.

O trabalho de resgate no Pantanal é desafiador e vital para a preservação da fauna local. Veterinários, biólogos e voluntários estão unidos em um esforço sem precedentes para salvar os animais afetados pelas queimadas e a conscientização da população é um passo essencial para evitar novas tragédias e apoiar tais ações.

Para os interessados em se capacitar e atuar em iniciativas como essas, existem cursos veterinários que oferecem o preparo necessário para lidar com situações de resgate e atendimento a animais silvestres em momentos críticos. Dessa forma, cada vez mais profissionais poderão contribuir para a proteção e recuperação do nosso meio ambiente.

Receba as notícias no seu Whatsapp. Clique aqui para seguir o Canal do Capital do Pantanal.