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Formada Brigada Uberaba para proteção de Território Indígena Guató

19 SET 2024 • POR Assessoria, IHP • 12h21
A Brigada Uberaba foi formada neste mês de setembro e conta com 24 mulheres e homens da aldeia. - Foto: Divulgação/IHP

Área prioritária de conservação e proteção no Pantanal, o Território Indígena Guató em Mato Grosso do Sul, onde está a Aldeia Uberaba, passou a ter uma brigada exclusiva. A Brigada Uberaba foi formada neste mês de setembro e conta com 24 mulheres e homens da aldeia. O trabalho de formação e aparelhamento envolveu uma força-tarefa conjunta do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), Aldeia Uberaba, Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) – Coordenação Regional da FUNAI de Campo Grande, Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), com apoio da ADM, líder em comercialização de grãos, insumos, nutrição humana e animal.

Os brigadistas da Aldeia Uberaba agora formam três esquadrões e estão capacitados para realizar ações de prevenção a incêndios florestais no território, bem como realizar os primeiros combates no caso de registro de fogo. A capacitação deles também envolveu treinamento com noções básicas de resgate animal para permitir um primeiro atendimento caso encontrem espécies feridas durante o registro de incêndios florestais.

O TI Guató fica localizado no extremo norte de Mato Grosso do Sul, após a Serra do Amolar, em região de fronteira com a Bolívia e divisa com o estado de Mato Grosso. Por se tratar de uma área isolada, a capacitação dos moradores da comunidade indígena representa em um reforço para ações de conservação e proteção dos moradores locais, com impacto direto em mais de 100 famílias. Para chegar nesse local, a viagem de barco pode demorar mais de 8 horas rio Paraguai acima, a partir de Corumbá (MS). Outro meio é somente por via área.

O presidente do IHP, Ângelo Rabelo, reforça que a união de esforços garante uma ampliação nas atividades para prevenção dos incêndios. “O território Guató há décadas não tem registro de incêndios, mas enfrentamos um momento crucial de mudanças climáticas e extremos. É necessário haver uma preparação ainda maior para evitar registros de incêndios e ter mulheres e homens equipados e aptos a atuar. Trata-se de um trabalho conjunto emblemático de respeito ao histórico de proteção que os Guatós desempenham no Pantanal, como povo das águas que são.”

O coordenador regional da FUNAI de Campo Grande, Elvisclei Polidorio, acompanhou a formação, que aconteceu entre os dias 11 e 14 de setembro. “Essa formação dos indígenas para prevenção das queimadas no Pantanal é muito importante porque a comunidade ganha com essa parceria. Ela passa a ter mais instrumentos para poder proteger o seu território”, destaca.

A professora na escola da aldeia João Quirino de Carvalho – Toghopanãa, Jorcimari Picolomini da Costa Rodrigues, conta que a presença permanente da Brigada Uberaba soma esforços na educação ambiental de estudantes e da comunidade. “Nós já trabalhamos com a educação ambiental e essa formação veio para fortalecer e ajudar ainda mais os nossos conhecimentos. Vamos estar mais preparados para proteger nossas casas. Representa em um valor muito grande para toda a comunidade.” A professora também se tornou uma brigadista.

Luiz Carlos Souza Alvarenga foi formado como brigadista e diz que a criação de uma brigada própria na Aldeia Uberaba representava uma luta antiga, que foi conquistada. “Esse aprendizado com o Prevfogo e demais instituições, como o Instituto Homem Pantaneiro, a FUNAI, com a comunidade muito presente, é de suma importância. Representa a realização de um sonho da comunidade.”

O coordenador estadual do Prevfogo/Ibama em Mato Grosso do Sul, Márcio Yule, detalha que os novos brigadistas já construíram uma linha de defesa na comunidade. “Nesse momento extremamente crítico que nos encontramos, com carga de combustível alta por conta da vegetação muito seca, frentes de fogo que podem ameaçar a região vindas da Bolívia, umidade relativa baixa, altas temperaturas, tudo isso age no comportamento do fogo. É muito importante organizar as equipes na comunidade, garantir que eles tenham ferramentas e equipamentos que foram obtidos em parceria das instituições. E construímos, em conjunto, uma linha de defesa na comunidade. Nós só não usamos o fogo nesse treinamento por conta do perigo ser extremamente crítico, com medida de preocupação. Eles foram treinados e estão preparados para agir em uma eventual ocorrência.

Brigadistas voluntários passaram por treinamento entre os dias 11 e 14 de setembro. Foto: Divulgação/IHP

Brigada Uberaba equipada

A criação da Brigada Uberaba Guató envolveu além da capacitação técnica de 24 mulheres e homens, o aparelhamento do grupo para poder agir. Houve investimento de R$ 78 mil para garantir que todos os brigadistas possam ter equipamentos de proteção individual (gandôla, calça, luva, óculos, capacete, balaclava e botina), além de abafadores, soprador, 15 lances de mangueira, moto-serra, roçadeira, moto-bombas e esguichadores reguláveis.

O Prevfogo/Ibama foi responsável por realizar as instruções do curso de Formação da Brigada Uberaba para Ações de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais e Conservação do Pantanal. O chefe da Brigada Pantanal do Prevfogo/Ibama, Ruberval Dimas do Patrocínio, foi o instrutor das atividades técnicas e uso de equipamentos de prevenção e combate. Além das aulas téoricas, todos os novos brigadistas passaram por atividades práticas, que foram feitas na própria aldeia.

Integrantes da Brigada Alto Pantanal, do IHP, também participaram das atividades para dar apoio e fortalecer futuras ações conjuntas para prevenir incêndios na região. Durante o treinamento, havia muita fumaça e fuligem na região e a nova equipe, com os brigadistas ambientais da Brigada Alto Pantanal, agiram para resfriar casas que estavam sendo atingidas por fuligem e causando risco de uma ignição de fogo.

Ações de plantio e resgate animal

Os 24 novos brigadistas guatós receberam noções básicas de resgate a animais em casos de emergência a partir de capacitação ministrada por bióloga e médicos-veterinários que integram o IHP, Ibama e Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal (Gretap/MS). O treinamento foi dado para auxiliar os três esquadrões criados para agirem em situação de primeiro contato com a fauna durante registro de emergência causada pelo fogo.

Ao terminarem o curso de formação da Brigada Uberaba, todos os novos brigadistas prepararam uma área de recuperação e fizeram o plantio de mudas vindas do viveiro de mudas do IHP, mantido na Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN) Acurizal. As mudas simbolizaram o nascimento de novos brigadistas no Pantanal. Essa região de plantio vai ser mantida pela própria comunidade da Aldeia Uberaba.

Educação ambiental

Os estudantes da Escola Estadual Indígena João Quirino de Carvalho – Toghopanãa participaram de atividades de educação ambiental ministradas pelas equipes do Instituto Homem Pantaneiro, Gretap/MS e Ibama. Foram apresentadas curiosidades e detalhes sobre a fauna pantaneira, houve explicação sobre formas de resgate de animais e ações de suporte para diferentes espécies.

Estudantes da Escola Estadual Indígena João Quirino de Carvalho participaram de atividades de educação ambiental. Foto: Divulgação/IHP

Os técnicos mostraram para os estudantes como é utilizado a tecnologia, como drones, para auxiliar no monitoramento ambiental. Também houve interação para que os alunos relatem suas experiências com relação à fauna e também puderam manusear equipamentos que biólogos e médicos-veterinários utilizam para cuidar de animais domésticos e selvagens. Nessa atividade, o IHP teve apoio da Brazil Foundation, V.Bio, Funbio e ADM para realizar a logística.

Sobre o Instituto Homem Pantaneiro

O Instituto Homem Pantaneiro (IHP) é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos. Fundado em 2002, em Corumbá (MS), atua na conservação e preservação do bioma Pantanal e da cultura local.
Entre as atividades desenvolvidas pela instituição destacam-se a gestão de áreas protegidas, o desenvolvimento e apoio a pesquisas científicas e a promoção de diálogo entre os atores com interesse na área.

Os programas que o Instituto atua são Rede Amolar, Cabeceiras do Pantanal, Amolar Experience, Felinos Pantaneiros, Memorial do Homem Pantaneiro, Brigada Alto Pantanal e Estratégias para Conservação da Natureza. 

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