Geral

Fronteira é reaberta, mas clima de tensão continua na Bolívia

26 JUL 2022 • POR Gesiane Sousa • 09h02
Fronteira foi reaberta ainda durante a noite de ontem. - Capital do Pantanal

A fronteira entre a Bolívia e o Brasil, por Corumbá, foi reaberta na noite desta segunda-feira (25). Veículos já podem atravessar a linha de fronteira entre os dois países, mas isso não significa que os manifestantes tenham aceitado a decisão do governo de manter o adiamento do Censo Populacional. Apesar do governo ter mantido sua posição, a greve foi considerada bem sucedida devido o alcance atingido e o apoio da população, que permaneceu em casa. Houveram protestos em diversos pontos da capital e em pelo menos 15 dos 54 mumnicípios do departamento de Santa Cruz.  

Representantes do movimento alertam para que a população da Bolívia contiue em situação de emergência, porque a Comissão Interinstitucional, promotora do Recenseamento da População e Habitação, vai reunir-se na quinta-feira (28) para outras medidas, caso o Executivo não se resuma, de uma vez por todas, definindo uma uma data para o censo em 2023, o protesto departamental será reavaliado.  

As instituições de Santa Cruz aguardarão os resultados da reunião realizada pelo presidente Luis Arce com os prefeitos das nove capitais departamentais, além de El Alto. O prefeito de Santa Cruz, Jhonny Fernández, antecipou no domingo (24) que nessa nomeação iria solicitar a antecipação do registro, para que com esses resultados se estabeleça um novo pacto fiscal e, assim, uma nova realocação de recursos para o regiões. Ontem (25) esteve afastado do Comité Interinstitucional, mas depois apareceu para explicar a sua posição sobre a greve. 

Manifestantes contrários ao adiamento do Censo Populacional aguardam reunião de quinta (28) para definir novos passos na greve. Foto: Capital do Pantanal

Entenda

O presidente Luis Arce colocou em vigor o Decreto 4760 com o qual estabelece a realização do censo por um dia entre maio e junho de 2024. A decisão foi tomada após reunião do Conselho Nacional de Autonomias (CNA) que pediu o adiamento do censo. "É muito perigoso realizar o Censo em 2024 porque será um ano eleitoral. Vamos acabar misturando o técnico com o político", disse o reitor da Universidade Autônoma Gabriel René Moreno (Uagrm) Vicente Cuellar, que ratificou a proposta de aplicar "tecnicamente" o grande levantamento em 28 de junho de 2023. 

A vice-ministra da Comunicação da Bolívia, Gabriela Alcón, disse que em Santa Cruz houve "uma greve parcial" e mereceu a convocação do Comitê Cívico. Ele garantiu que, segundo relatos da Federação das Associações Municipais (FAM) da Bolívia, 90% dos governos locais trabalham normalmente. 

A autoridade ressaltou a decisão tomada pela ANC de adiar o censo e que foi a base do Decreto 4760. "O (Conselho Nacional de Autonomias) já tomou uma decisão; ele já falou e os governadores têm participado. É bom ouvir o que foi avançado, o trabalho que é feito", disse a autoridade. 

O vice-ministro da Coordenação de Governo, Gustavo Torrico, foi mais contundente, encerrou qualquer possibilidade de ajuste da data do grande levantamento. "O censo é para 2024, já tem um decreto, tem um convênio com as prefeituras e os prefeitos. O diálogo está aberto sem condições", disse após questionar a greve devido às perdas que causou, especialmente no setor informal. 

O dia do protesto começou ruidosamente com episódios de tensão na cidadela do Plano Três Mil, onde as autoridades do governo central chegaram para "garantir" o direito ao movimento e ao trabalho. Os mercados populares naquela área permaneceram abertos, mas havia poucos compradores. 

O ministro das Obras Públicas, Edgar Montaño, foi muito ativo ontem com os habitantes de Santa Cruz que se manifestaram contra a greve. A autoridade, por meio de suas redes sociais, divulgou vídeos em que vários ativistas se mobilizaram para levantar os bloqueios. 

 

 

* Com informações do El Deber