Geral

Boato de que a Vale vai deixar Corumbá é confirmado com anúncio de venda

Em fevereiro deste ano o boato havia sido abafado, com a informação de que a empresa buscava por parceiros

5 ABR 2022 • POR Gesiane Sousa • 08h35
O Sistema Centro-Oeste é o que tem o menor volume em extração de minério de ferro diante das outras unidades.  - Divulgação

Diferente do que foi dito pelo executivo municipal em fevereiro deste ano, a Vela Mineradora anunciou ao mercado, neste 1º de Abril, que vai vender suas empresas de minério de ferro, minério de manganês e logística que compõem o Sistema Centro-Oeste. De acordo com informação veiculada pela prefeitura em fevereiro, o assunto era ventilado desde o inicio do ano de forma extraoficial, mas havia sido desmentido pela empresa, em conversa com o governo do estado. 

Na época, foi dito que a mineradora estava apenas em busca de parceiros para investir no trabalho desenvolvido em Corumbá, e que havia um projeto para ampliar em 15 toneladas por ano a quantidade de minério extraído pela empresa em todo o estado. Porém agora, de acordo com o comunicado, a iniciativa é de desinvestimento e segue a linha com a estratégia de simplificação de portfólio e foco nos principais negócios e oportunidades de crescimento.  

Em 2021, a mina produziu 2,7 milhões de toneladas de minério de Ferro e 0,2 milhões de toneladas de minério de Manganês, e contribuiu com US$ 110 milhões em EBITDA ajustado. O pagamento da Compensação Financeira da Exploração de Recursos Naturais (Cfem) rendeu no ano passado para Corumbá, mais de R$ 33 milhões.  A Vale não é a pagadora total deste montante, mas tem grande parte dos valores. 

A empresa explora minério de ferro e também detém o direito de exploração nas minas de Santa Cruz e do Urucum, em Corumbá. A estrutura toda foi adquirida por US$ 750 milhões, em 2009. A Vale exporta os produtos pela hidrovia através do porto na região de Porto Esperança, município de Corumbá, além da utilização da ferrovia de Corumbá até Porto Esperança. 

O secretário de Produção, Desenvolvimento Econômico, Meio Ambiente e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck confirmou o processo de venda da Vale e tentou tranquilizar os funcinários da empresa em Corumbá. “Hoje a Vale emprega praticamente mil pessoas do município de Corumbá. É uma empresa tradicional, importante para o desenvolvimento econômico de Mato Grosso do Sul. Com esta comunicação ao conselho de valores imobiliários e também ao mercado, ela afirma que está fazendo a alienação à venda dessa operação no Estado. Por isso antes de tudo eu quero tranquilizar todos os funcionários, todo o município de Corumbá e a economia do Estado que terá um impacto significativo com a venda dessa operação. Estamos acompanhando diretamente a negociação”, enfatizou. 
 

O secretário esclareceu ainda que a decisão está ligada a uma linha de redefinição estratégica da empresa. “A Vale está saindo da operação de manganês e de ferro, mas ela passa o sistema para um novo operador que ainda não temos o nome. O governador Reinaldo e eu participamos de reunião com a diretoria da Vale, mas em nenhum momento foi informado qual será esta empresa que fará a aquisição. Mas dentro deste posicionamento é muito claro primeiro que a Vale vai manter o nível de operação. Esse é o mínimo que nós discutimos muito. É necessário manter o nível atual de operação pra que sejam mantidos os empregos e a produção de minério”, frisou. 

Secretario Jaime Verruck acompanha negociações para garantir o emprego dos funcionários que trabalham nas empresas em Corumbá. Foto: Divulgação

Logística 

Um outro ponto ressaltado por Verruck é uma retomada neste mercado de minério no Estado. A mina Urucum está situada a 22 km de Corumbá e realiza a exploração a céu aberto de minério de ferro e mina subterrânea de minério de manganês. A mina Santa Cruz tem várias frentes de lavra.  A Vale tem também nessa estrutura o pátio de expedição Pé da Serra, pátio de escoamento e pátio ferroviário Antonio Maria, pátio de expedição Tupacery, Porto Gregório Curvo, Terminal Portuário Granel Química (Ladário) e mina Belga (apenas ativo histórico, que foi iniciada em 1907). 

As minas localizadas em Corumbá não são as mais lucrativas para a mineradora. O Sistema Centro-Oeste é o que tem o menor volume em extração de minério de ferro diante das outras unidades. 

“Acreditamos que com a melhoria da questão logística, com a sinalização da própria concessão e o regime de autorização ferroviária, a perspectiva é de haja um incremento na produção e na exportação, além do envio para o mercado interno”, destacou o secretário, exaltando a qualidade tanto do manganês quanto do minério de ferro sul-mato-grossense. 

“Nós temos reservas para muitos anos de exploração mineral no município de Corumbá. Além disso teremos uma melhoria na questão logística. Então, a expectativa que nós temos trabalhado junto a esses diretores é de que qualquer player que venha a assumir a Vale faça uma ampliação da produção nos próximos anos. Então a perspectiva é positiva”, acrescentou. 

O secretário ainda ressaltou a qualidade da Vale e sua importância da empresa para a economia estadual, e disse esperar que o novo investidor também seja a altura de uma empresa deste porte. “Com certeza o novo player virá para fazer novos investimentos em Mato Grosso do Sul e dar continuidade a esse importante produto, Mato Grosso do Sul é um estado minerador também e que tem na sua base da economia a produção de minério de ferro e minério de manganês”, finalizou. 

 

* Com informações da Semagro