Serviço Geológico do Brasil divulga prognóstico para cheia na bacia do rio Paraguai
Mesmo durante o período chuvoso, a previsão é que o bioma Pantanal apresente níveis nos rios abaixo dos normais em MT e MS
21 JAN 2021 • POR Janis Morais - Assessoria de Comunicação do Serviço Geológico do Brasil • 08h24Após processo de vazante histórica, o Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM) divulgou nesta segunda-feira, dia 18/01, o primeiro boletim especial do Sistema de Alerta Hidrológico da Bacia do rio Paraguai com prognóstico de cheias em 2021. De acordo com a previsão, as cotas devem registrar níveis abaixo do comportamento normal esperado para os próximos meses, período de cheia nos rios que banham o bioma Pantanal. A preocupação é com o impacto dessa falta de recarga na bacia no período chuvoso, que pode anteceder novo período de seca intensa. Acesse o boletim completo https://www.cprm.gov.br/sace/boletins/Paraguai/20210118_17-20210118%20-%20170705.pdf e acompanhe todos os informes semanais de monitoramento que estão sendo emitidos ao longo da operação do SAH Paraguai, disponíveis em https://www.cprm.gov.br/sace/paraguai
Segundo o pesquisador em Geociências Marcus Suassuna, o prognóstico é que neste ano de 2021 são prováveis cheias abaixo das normais na bacia como um todo. Além disso, a recuperação da bacia ao final do período de estiagem vem sendo bastante lenta, o que corrobora o prognóstico. "Ainda que seja possível a ocorrência de chuvas fortes localizadas, a exemplo do que vem ocorrendo em Corumbá (MS) neste início de ano, é muito improvável que na bacia do rio Paraguai como um todo, os níveis se aproximem do comportamento médio da bacia neste ano", explicou.
O engenheiro hidrólogo informou que, considerando as variáveis que compõem o modelo de previsão para a ocorrência de cheias, o prognóstico indica como valor provável de sua ocorrência, para o pico da cheia do rio Paraguai em Ladário (MS), o nível de 2,86m. "A cheia deste ano deve ser bem fraca. Se isso se confirmar, teremos outro ano muito seco, porque o rio Paraguai precisa dessa recarga no período chuvoso. O que não vem acontecendo a contento", alertou.
Além do nível atual dos rios, o fenômeno La Niña, que se caracteriza pelo resfriamento do Oceano Pacífico, quando ele apresenta temperaturas abaixo das normais; o comportamento do Pacífico Norte, que também está mais frio que o normal neste período e a condição do Oceano Atlântico Norte são variáveis consideradas no modelo de previsão utilizado pelo Serviço Geológico do Brasil. "Estudos recentes na bacia do rio Paraguai indicam que os principais fatores que geram mudanças no comportamento das cheias na bacia são aqueles associados à umidade antecedente. Além disso, mas de forma secundária, índices climáticos e precipitação de curto prazo também são relevantes", relatou Suassuna.
O boletim mostra ainda a variação da probabilidade em diferentes níveis. O nível de 1,50 m, associado a restrições à navegação em Ladário, tem 87% de chance de ser superado este ano, com base no modelo ajustado. O nível máximo da zona de atenção (2,05 metros) tem chance de 76% ser superado. Ou seja, existe uma probabilidade de 24% de o rio Paraguai em Ladário permanecer o ano inteiro na zona de atenção para mínimas. A cheia média anual, ou seja, o valor esperado que as cheias normalmente tenham em Ladário que é de 4,51 metros tem apenas 3% de chance de ser observado. Ou seja, existe a probabilidade de 97% de o rio ter uma cheia abaixo da média em 2021.
Por fim, o engenheiro faz uma comparação entre o nível atual com as oito cheias do histórico com comportamento mais semelhante ao atual no mês de janeiro. O nível de 20 cm em 1º de janeiro, foi semelhante ao ocorrido em 1968, 1964, 1967, 1971, 1972 e 1969 (anos da seca prolongada dos anos 60 e 70), além dos anos de 1938 e 1956. Em 7 desses 8 anos o rio Paraguai permaneceu ao longo de ano na zona de atenção para mínimas. Considerando a lenta recuperação do rio Paraguai este ano, com chuvas abaixo das normais ao norte da bacia, onde Cáceres (MT) e Cuiabá (MT) apresentam níveis muito baixos para este período do ano, considera-se ser provável que o rio Paraguai, de fato, níveis abaixo dos normais neste ano.
BOLETINS SEMANAIS - O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) divulga semanalmente o Boletim de monitoramento e previsão do Sistema de Alerta Hidrológico da bacia do rio Paraguai. Os dados hidrológicos utilizados são provenientes da Rede Hidrometeorológica Nacional de responsabilidade da Agência Nacional de Águas (ANA), operada pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e demais parceiros. As previsões realizadas pelos engenheiros da CPRM são baseadas em modelos hidrológicos e estão sujeitas às incertezas inerentes aos mesmos. Os dados de previsão de chuvas são provenientes do Centro de Previsão Climática da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (CPC/NOAA) e são usadas ainda informações de previsões meteorológicas produzidas pelo CPTEC/INPE.
SAIBA MAIS SOBRE O SAH PARAGUAI - Tanto no período de estiagem quanto na época de cheia, o Sistema de Alerta da Bacia do Rio Paraguai (Pantanal) realiza o monitoramento dos rios Paraguai, Cuiabá, Aquidauana, Miranda e Coxim, nos municípios de Corumbá, Ladário, Porto Murtinho, Anastácio, Aquidauana, Bonito, Coxim e Miranda (MS) e Cáceres, Cuiabá e Santo Antônio do Leverger (MT), com previsão hidrológica para os municípios: Porto Murtinho, Ladário e Corumbá (MS) e Cáceres (MT). O sistema abrange os Estados do Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, atendendo uma população de 1.024.281 habitantes. A Bacia do Rio Paraguai tem uma área 1.095.000 km² (33,8% no Brasil, 32,4% no Paraguai, 18,7% na Bolívia e 15,1% na Argentina).