O caso de ataque de onça-pintada, que matou o caseiro, Jorge Aválo, de 60 anos, em fazenda de Aquidauna, na segunda-feira, 21, continua repercutindo em todo o estado. A Polícia Militar Ambental (PMA), divulgou nesta segunda-feira, 28, dados a respeito do trabalho de orientação sobre animais silvestres que realiza durante todo o ano através de campanhas e expedições para conscientizar ribeirinhos, pantaneiros e turistas sobre esta convivência e que práticas são consideradas ilegais.
Uma das grandes preocupações das autoridades é evitar o ato de “cevar animal”, que consiste em oferecer comida ou deixar alimento para atrair animais silvestres. Além de muito perigoso e arriscado, o ato é ilegal e criminoso, considerado maus tratos, previsto na Lei de Proteção à Fauna do Estado.
“Todo ano fazemos campanhas nas estradas sobre os animais silvestres, para evitar a ceva, maus tratos e atropelamentos, seja com cartazes ou placas em locais estratégicos para conscientização, em áreas como Pantanal, Bonito e outros locais que recebem grande fluxo de turistas”, afirmou o comandante 1º Batalhão da PMA, o major Diego Ferreira.
Esta ação da PMA tem a orientação por meio de panfletos, placas e parcerias com ongs e instituições do terceiro setor. “Reforçamos este trabalho principalmente na abertura da pesca, quando aumenta muito o fluxo de turistas. No segundo semestre este movimento também é grande”, destacou o comandante.
Além de altamente perigoso, Cevar animais é crime. Foto: Divulgação Major Diego reforçou que ataques de onças-pintadas são muito atípicas, já que existe esta convivência histórica e antiga dos pantaneiros e ribeirinhos com animais silvestres. No entanto ele admite que é preciso tomar devidos cuidados e precauções como não andar sozinho pela mata, manter uma distância segura e evitar a ceva.
“Vamos continuar com a fiscalização, porque realizar este ato (cevar) é um crime, e seguir nossas ações de conscientização e prevenção, tanto para quem mora na região, como turistas que passam pelo Pantanal, para que todos tenham o devido cuidado”.
A PMA inclusive realiza uma Expedição de Educação Ambiental junto aos ribeirinhos, que está na 10° edição, tendo como um dos focos principais a conscientização e educação ambiental. Realizada por via fluvial, a expedição tem duração de uma semana, com a participação de instituições públicas e privadas, com a oferta de uma série de serviços sociais (educação, saúde, psicológico, distribuição de roupas, jurídico) à crianças, jovens e adultos.
Orientação e segurança
A professora da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), Paula Helena Santa Rita, coordenadora operacional do Gretap (Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal) conhece muito bem a realidade nos animais silvestres no Pantanal. Ela reafirma que ataques de onças-pintadas a seres humanos não é algo normal, pelo contrário, considera inclusive uma ocorrência rara.
“Como os especialistas enfatizam são baixíssimos os registros de ataques de onças-pintadas, pois a tendência é o animal fugir do ser humano. O que pode ocorrer é a população condicionar o animal, principalmente em relação a ceva, trazendo ele para próximo. Nós do Gretap sempre conscientizamos para não realizar esta prática”, disse a coordenadora.
Bióloga e médica veterinária, Paula Helena pondera que as onças são territorialistas, mas elas têm uma movimentação ampla, circulando bastante pela região, no entanto se existir a prática de “ceva” constante, o animal prefere permanecer no local por mais tempo.
Paula Helena Santa Rita, coordenadora operacional do Gretap afirma que ataques de onças-pintadas a seres humanos não é considerado um ocorrência rara. Foto: Bruno Rezende/Arquivo“Muitas vezes o fornecimento do alimento é feito na mesma hora todo dia, o que acostuma o animal. Oferta de alimento para as onças é um grande risco. Às vezes até involuntária, deixando alimentos pra trás na pescaria. Há anos existe este trabalho de orientação das entidades, poder público e PMA. Os pesqueiros devem dispor desta conscientização e preparo em relação aos hábitos dos turistas”.
Mesma avaliação de Gustavo Figueirôa, que é biólogo e especialista em manejo e conservação da fauna silvestre. “Ataques de onças-pintadas a seres humanos são muito raros. Não são comuns. Existem muitas pessoas que vivem em áreas que tem onças e raríssimos ataques são relatados. São animais predadores, mas não é do seu feitio atacar seres humanos”.
Ele destaca que ataques ocorrem devido situações específicas. “Podem ocorrer na mata se houver o encontro e o animal estiver acasalando, protegendo o filhote ou se alimentando. Ou quando a onça perde o medo do ser humano, isto se deve muito em função da ceva ativa, atraindo o animal ou até não intencional, quando deixam alimentos próximo aos rios, resto de peixes após pescaria e as onças se aproximam pelo cheiro. Acostumam ir no local para se alimentar. Ficam mais próximas dos seres humanos”.
Gustavo ressalta que tanto os moradores locais, como turistas precisam ter medidas de segurança. “As onças por natureza não gostam deste contato, mas não podemos esquecer que elas são predadoras, todos devem ter o devido cuidado”.
Receba as notícias no seu Whatsapp. Clique aqui para seguir o Canal do Capital do Pantanal.
Deixe seu Comentário
Leia Também

UFMS é a 2ª federal e a 3ª universidade mais sustentável do Brasil

Primeira chamada do PSA classificou 45 propriedades rurais do Pantanal

Plano para BR-262 avança com ações contra mortes de animais no Pantanal

Proprietários rurais vão receber até R$ 100 mil por áreas preservadas

Governo federal lança painel inédito para rastrear gastos ambientais

MS inaugura novo centro de triagem para atendimento à animais silvestres

Corumbá recebe 1º Simpósio Internacional sobre Bem-Estar Animal

Balanço da Operação Pantanal 2025 registra redução histórica de focos e área queimada

MS reforça manejo do fogo e prevenção mesmo com redução de incêndios



Ações educativas da PMA orientam ribeirinhos, pantaneiros e turistas sobre a convivência com animais silvestres e práticas consideradas ilegais. (Foto: Silas Ismael/PMA)


