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Sensoriamento remoto por aeronaves não tripuladas é destaque no GeoPantanal

03 novembro 2016 - 09h18Redação

O potencial de uso dos veículos aéreos não tripulados (vants) para monitoramento agrícola e ambiental e as perspectivas para aplicação dessas aeronaves em pesquisas vem atraindo cada vez mais a atenção de pesquisadores e profissionais. Os desafios e as potencialidades do sensoriamento remoto por aeronaves remotamente pilotadas foram discutidos durante o 6º Simpósio de Geotecnologias no Pantanal - 6º GeoPantanal, realizado entre 22 e 26 de outubro, em Cuiabá (MT).

A tecnologia, que está em processo de regulamentação no Brasil para uso comercial, pode fornecer várias informações sobre uma cultura agrícola, ajudar a identificar a infestação de pragas e doenças, detectar deficiência hídrica, permitir acompanhar o crescimento da vegetação e apoiar estudos de impactos ambientais, entre outras potencialidades. O curso sobre o tema ministrado no 6º GeoPantanal foi o que mais atraiu o interesse dos participantes do simpósio.

Os professores Thiago Sanna Freire Silva, da Unesp Rio Claro, e Thiago Batista dos Santos, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), abordaram desde questões técnicas relacionadas aos equipamentos, sensores e softwares, incluindo a legislação e possíveis aplicações. Além da parte teórica, o curso incluiu demonstrações de voos experimentais numa área isolada da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), coordenadas pelo professor Gustavo Manzon Nunes, o qual ainda proferiu no simpósio a palestra "Mapeamento e análise tridimensional de microhabitats em Áreas Úmidas com o uso de vants".

O consultor ambiental Márcio Palmeira, que atua em Mato Grosso do Sul, participou do curso para aprofundar seus conhecimentos sobre vants e, futuramente, poder introduzir essas ferramentas nos projetos que executa. "São diversas utilidades e de resultado quase imediato. A aplicação direta seria na parte ambiental, onde é possível fazer monitoramento e controle, e na agrimensura em si, tanto na parte cadastral como de delimitação diária", contou Palmeira.

Já o professor Thiago Statella, do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), se inscreveu no treinamento com o objetivo de compreender de maneira mais ampla como se dá o tratamento dos dados gerados por vants e levar novidades para a sala de aula. "O intuito é sempre se atualizar com as novas tecnologias e desenvolver pesquisas em cima disso, e esse conhecimento acaba sendo propagado para os alunos", afirmou Statella.

Outra capacitação sobre análise de imagens orientada a objetos - Geobia também tratou do sensoriamento remoto, mas com enfoque nas modernas ferramentas para interpretação e análise das informações geradas pelos sensores, envolvendo processamento de imagens e mineração de dados. De acordo com o pesquisador do Inpe Thales Sehn Korting, que ministrou o curso, esse modelo de análise tem como resultado mapas temáticos com alta qualidade visual e maior capacidade de análise quantitativa.

O 6º GeoPantanal também ofereceu cursos sobre análise espacial de dados geográficos, as ferramentas TerraHidro e TerraAPP para gerenciamento de recursos hídricos e áreas de proteção permanente, e aplicações do sistema GNSS na execução dos cadastros rural e ambiental. Foram proferidas 13 palestras sobre temas variados, como o uso das geotecnologias no ambiente corporativo e os padrões e casos de uso na Bayer Crop Science, cadastro ambiental rural, zoneamento socioeconômico-ecológico, agricultura de precisão e monitoramento ambiental.

Simpósio comemora 10 anos

Esta edição do simpósio celebrou os dez anos do GeoPantanal, cujos resultados foram apresentados pelo pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP) João dos Santos Vila da Silva, presidente da comissão organizadora. Em 2016, o evento recebeu 155 participantes, gerando 110 artigos publicados que somam os 97 trabalhos técnicos e os resumos das 13 palestras. "Conseguimos trazer agentes do governo, da gestão de secretarias estaduais, e da iniciativa privada para dar palestras que foram excelentes, além de pesquisadores experientes de várias instituições", afirmou Vila.

Voltado não apenas ao estudo e à preservação do bioma pantaneiro, mas também de outras áreas úmidas do País, o simpósio já produziu 700 trabalhos completos desde a primeira edição. O 6º GeoPantanal foi organizado pela Embrapa Informática Agropecuária, Inpe, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), UFMT e IFMT.

A professora da UFMS Beatriz Lima de Paula destaca que o GeoPantanal "fomenta a discussão sobre o estado da arte em aplicações de geotecnologias aos estudos de áreas úmidas, além de estabelecer contatos nacionais e internacionais para o fomento de projetos de pesquisa ou cooperação entre instituições". Na visão de Vila, "o simpósio promove a troca de conhecimento entre pesquisadores, estudantes e profissionais de diversos setores, sendo interessante, principalmente, para os jovens que estão começando a carreira".

Para Edinéia Aparecida dos Santos Galvanin, professora da Unemat, o evento "é de suma importância para a universidade, pois permite que os alunos e professores atualizem seus repertórios na área de geotecnologias". Já o Inpe enxerga no simpósio uma ótima oportunidade para divulgar novas ferramentas e metodologias. "O GeoPantanal possibilita tornar disponíveis nossas tecnologias, desenvolvidas ao longo dos últimos 30 anos. É sempre bom ver essas tecnologias aplicadas pelos diferentes usuários", enfatiza Laércio Massaru Namikawa, pesquisador do Instituto.

 

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