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"Salvava o caminhão ou a ponte", diz bombeiro sobre desafios do fogo no Pantanal

26 junho 2024 - 10h37 Gustavo Bonotto e Gabriela Couto, CG News

Equipes do Corpo de Bombeiros que trocaram seus postos, na tarde desta terça-feira (25), já pensam em voltar a combater os incêndios ambientais que assolam o bioma pantaneiro. Hoje, um grupo de 40 militares fez a troca de ciclo depois de 15 dias de extenso trabalho no município de Corumbá, a 428 quilômetros de Campo Grande.

Esse foi o caso do sargento Elcio Matheus Barbosa, de 40 anos. À reportagem, ele contou que estava no seu segundo ciclo do ano. Natural de Nova Andradina, o militar deve chegar em casa por volta das 3h de quarta-feira (26). 

Voluntário especialista em incêndios, Elcio faz isso por amor à profissão. Classificou os últimos dias como ‘intensos, cansativos e desafiadores’ por conta das questões climáticas. Chegou a enfrentar ventos de 65 km/h no dia em que a ponte que liga a Estrada Parque até a MS-228 foi consumida pelas chamas. 

“Defendi todas as pontes, mas perdemos a batalha do dia. A equipe teve que priorizar, retirar o caminhão que estava no meio da área queimada. Pensamos que aquele veículo era tudo que a pessoa tinha. Até retirar ele do local não conseguimos evitar o fogo na ponte”, lamentou.

Nos últimos dias, o sargento chegou a ficar dias sem tomar banho para fazer combate das 5h às 21h, deixando até de almoçar. A parte mais triste, segundo ele, foi ver cobras e jacarés mortos. “Teve um momento que uma cobra saiu [da área de fogo] e ela não sabia o que fazer. Olhava para o fogo, olhava para a gente... Eu peguei um pedaço de madeira e joguei-a para longe", discorreu.

Bombeiros o dia em que perderam a batalha para o fogo no Ponte da da Estrada Parque. Foto: CBMS  

Jonas Pedro Teixeira, 32 anos, participou da instalação de uma das bases avançadas no mês passado, na barragem do São Lourenço, uma das mais remotas que o Corpo de Bombeiros já construiu. Para este ciclo confessa que viu os focos aumentarem muito e atuou em mais de cinco frentes. 

“É gratificante. O cansaço existe, mas sabemos que é tão importante estar na missão. Ficamos felizes de poder ver mais animais vivos do que mortos desta vez”, disse o militar que chegou a 22 horas seguidas de combate às chamas. 

Haviam apenas três mulheres neste ciclo. Uma delas era Marcelly Luany de Souza Oliveira, 31 de idade. Está há três anos seguidos atuando nos incêndios florestais do Pantanal. À reportagem, a militar destacou que a prioridade é salvar animais e propriedades. "A gente acompanha os fazendeiros contando as perdas. Por isso queremos salvar o maior número possível de vida e material. Mas infelizmente vimos algumas vacas mortas queimadas”. 

Outro militar, Eleandro Pereira, 41 de idade, ficou 31 dias seguidos em meio a fumaça densa. A caminho de Batayporã, destacou que ficou dois dias sem dormir para apagar o fogo. Contou com a ajuda de fazendeiros para emprestar maquinário e abrir aceiros, o que foi possível registrar uma família de veados campeiros usando o caminho entre a floresta para fugir da fumaça. 

"Mas ainda vi muitos animais mortos, como cobras afugentando. Sempre voltei e devo voltar de novo porque esse é o nosso Pantanal. A gente que veste a farda e vem uma vez, quer voltar de novo. É uma forma de ajudar", finalizou. 

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