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Geral

Região da Serra do Amolar contribui para formar corredor de biodiversidade para proteção ambiental

03 fevereiro 2024 - 11h31Assessoria, IHP

De acordo com o Instituto Homem Pantaneiro (IHP), os registros de incêndios na Serra do Amolar estão sendo reduzidos a partir das ações de campo, efetivo aéreo dos Bombeiros de Mato Grosso do Sul no combate das chamas e chuvas pontuais que foram registradas na quinta-feira (1º). A partir deste dia 2 de fevereiro, a situação do fogo ficou menos drástica. O trabalho agora é monitorar a área para garantir combate rápido no caso de focos maiores voltarem a aparecer. 

A região da Serra do Amolar, no Pantanal, tem uma importância significativa para o ciclo de cheia no bioma. O biólogo no IHP, Wener Hugo Moreno, detalha que o território exerce diferentes funções.

“Formando uma barragem natural com a morraria que ocorre ao longo do Rio Paraguai, a Serra do Amolar, na planície de inundação, funciona como um funil que controla o fluxo das águas norte – sul que moldam o atraso do pulso de inundação, assim inundado as diversas baías e lagoas que se encontram na região acima. Caracterizando assim o chamado gargalo Paraguai”, explica.

Ele ainda relata sobre como o monitoramento do IHP no território vem mostrando relacionados ao ciclo da água e seu impacto para a vida selvagem.

“No Pantanal em si ainda carece de estudos que apresentem uma possível desertificação, porém o Pantanal está suscetível aos impactos causados em outras áreas que apresentam tal transformação, como a Amazônia, que literalmente dão origem aos chamados rios voadores, que carregam a maior parte das chuvas no Brasil, e assim influenciando nas chuvas no Pantanal. Sem as chuvas, há alterações no ciclo das águas na região. Foi notáveluma alteração nesse ciclo durante os últimos anos. Visto que o ciclo é de suma importância para os aspectos dos animais que aqui residem.”

O biólogo ressalta também que a Serra do Amolar compreende um território que forma um corredor de biodiversidade. Esse corredor envolve ações diretas do IHP com o programa Rede de Proteção e Conservação da Serra do Amolar, ou Rede Amolar. Por conta de diferentes medidas, o Instituto formou com parceiros um corredor de mais de 300 mil hectares, que compreende áreas de Reservas Particulares de Proteção Natural (RPPNs), o Parque Nacional do Pantanal Matogrossense e propriedades particulares. Os incêndios que começaram no dia 27 de janeiro de 2024 atingiram diretamente essa área do corredor de biodiversidade.

Área considerada corredor de biodiversidade foi diretamente atingida por incêndios. Foto: Divulgação/IHP

“A biodiversidade é necessária para um ecossistema equilibrado, e a manutenção da mesma requer, dentre outros fatores, o fluxo gênico, interações intra e interespecíficas, movimentos bióticos e abióticos do sistema. Tais aspectos só são compreendidos e acometidos se as áreas naturais forem preservadas em seu estado natural e com o mínimo de intervenção humana. Perdas na diversidade ecológica, provocadas por ações humanas, sejam elas fragmentação de habitats ou alterações no ambiente natural que ocasionam a transformação do habitat natural em algo diferente de sua característica. Assim, buscando a diminuição dos efeitos de fragmentação sobre a biodiversidade, passou a se criar áreas naturais protegidas, fundamentais para a conservação biológica. O intuito de proteção da beleza cênica, relevância histórica, recursos hídricos, manutenção do equilíbrio climático ecológico, preservação de recursos genéticos e propiciar o manejo adequado dos recursos naturais, desenvolvimento de pesquisas científicas, e fatores que constituem a estruturação da preservação in situ da biodiversidade como um todo.”

Ele ainda detalha. “Espécies essas que muitas se encontram em algum grau de ameaça para sua população e encontram nesses refúgios e corredores um abrigo para a vida. Proteção e conservação dos ambientes naturais assegurando condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora e da fauna residente ou migratória. A Rede de Proteção e Conservação da Serra do Amolar é uma parceria entre organizações proprietárias de terras destinadas a ações conservacionistas localizada no Pantanal do Rio Paraguai, em uma região junto à fronteira com a Bolívia, de isolamento geográfico e de descontinuidade na assistência de órgãos ambientais competentes”, explica o biólogo.

Wener Hugo reforça que a criação da Rede Amolar permitiu aumentar o potencial de proteção que o Parque Nacional do Pantanal Matogrossense prevê, a partir da iniciativa privada. “Protegendo uma área total de 272.952 ha, contando com unidades de conservação criadas oficialmente, e áreas protegidas por intenção dos proprietários, aumentando em 35% o território protegido. Contudo, existem dificuldades e benefícios no desenvolvimento da Rede, como respectivamente o envio de material e equipamentos para base das áreas protegidas e a criação de um fundo em comum para auxílio nas ações de todos os parceiros. A concepção da Rede não é um fato inédito, pois outros mosaicos de unidades de conservação existem no Brasil, no entanto reunir representantes dos três setores da sociedade, o setor governamental representado pelo ICMBio, o setor privado representado por empresas financiadoras, o não- governamental representado por ONGs traz novas oportunidades de negócios que visem a conservação.”

Histórico

O incêndio florestal foi iniciado no dia 27 de janeiro. Um pequeno proprietário rural da região pode ter começado o fogo na tentativa de limpar baceiro (vegetação flutuante que pode aglomerar-se de tal forma que cria pequenas ilhas que impedem o acesso a corixos ao longo do rio Paraguai) que estava no acesso para a propriedade. Ele chegou a ser informado sobre o início das chamas, após constatação do caso na central de monitoramento que o IHP possui em Corumbá. A Polícia Militar Ambiental também foi informada sobre o registro do início do incêndio para atuar na fiscalização.

Biólogo destaca que espécies consideradas em ameaça, encontram refúgio na região do Amolar. Foto: IHP

A Serra do Amolar

A região da Serra do Amolar, que está dentro do Pantanal, no município de Corumbá (MS), compreende um território de grande biodiversidade, é área de Reserva da Biosfera, além de ser um Patrimônio Natural da Humanidade. O território é formado por 80 km de extensão de morrarias que chegam a ter quase 1 mil de altitude. Essa área fica a cerca de 700 km de Campo Grande, a partir de Corumbá e por via fluvial. Só é possível chegar nesse local por ar ou pelo rio Paraguai.

Devido a várias particularidades, incluindo os seus elementos naturais, geográficos e ecológicos, a região tem potencial de abrigar espécies de plantas e animais que são de exclusividade da Serra do Amolar. Por ali, há interações de fatores geográficos, climáticos e ecológicos que criam ecossistemas particulares que não são encontrados em outras partes do Pantanal.

Além disso, trata-se de um território considerado uma barreira natural para o fluxo das águas, que se difere completamente de todo o restante do bioma. Ali existe uma variedade de terrenos e paisagens, áreas com características de Mata Atlântica, de Pantanal, de Amazônia, o que resulta na sua riqueza de biodiversidade.

Sobre o IHP

O Instituto Homem Pantaneiro (IHP) é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos. Fundado em 2002, em Corumbá (MS), atua na conservação e preservação do bioma Pantanal e da cultura local.

Entre as atividades desenvolvidas pela instituição destacam-se a gestão de áreas protegidas, o desenvolvimento e apoio a pesquisas científicas e a promoção de diálogo entre os atores com interesse na área.

Os programas que o Instituto atua são Rede Amolar, Cabeceiras do Pantanal, Amolar Experience, Felinos Pantaneiros, Memorial do Homem Pantaneiro, Brigada Alto Pantanal e Estratégias para Conservação da Natureza. Saiba mais em https://institutohomempantaneiro.org.br/. O IHP também integra o Observatório Pantanal.

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