As terras indígenas localizadas em Mato Grosso do Sul (MS) foram afetadas por quase três vezes mais incêndios em 2024, na comparação com 2023.
Os satélites do programa BDQueimadas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) registraram 632 focos nas áreas habitadas por povos originários em 2023, enquanto foram identificados 1.792 no ano passado.
A terra mais afetada foi a Kadiwéu, que fica no município de Porto Murtinho. Os focos somaram 1.473 em todo o ano de 2024, ante 623 no período anterior.
Ainda sobre a Kadiwéu, ela é a que mais sofre com o fogo desde 2020, entre todas as terras indígenas localizadas no Estado, e é também uma das mais afetadas no País. O último ano foi o mais crítico da série histórica do Inpe para os Kadiwéu: o fogo destruiu mais da metade o território onde vivem. Há 1,7 mil habitantes na área indígena, segundo estimativa do Instituto Socioambiental.
A segunda e terceira terras sul-mato-grossenses mais atingidas em 2024 foram a Taunay/Ipegue e a Cachoeirinha, que ficam entre Aquidauana e Miranda.
Nas comunidades, os efeitos de tantas queimadas são sentidos por toda a população, mas especialmente por jovens e idosos que sofrem com problemas respiratórios. O impacto do fogo não é sentido apenas no ar, no entanto.
O avanço das queimadas dificulta o acesso a territórios, destrói casas e roças e coloca em risco a segurança alimentar de comunidades inteiras. Efeitos das mudanças climáticas e o avanço do agronegócio são considerados os principais fatores, conforme informações já divulgadas por ambientalistas.
Recuperação
No ano passado, a brigada Prev/Fogo do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) atuou contra o fogo nas terras, inclusive com a participação de brigadistas indígenas. Aviões como o super KC-390, das Forças Armadas, ajudaram no combate. Ainda assim, não foi possível deter a força com que as chamas se espalharam.
Este ano, brigadistas do Ibama plantaram mudas de pau-santo e de cedro em aldeias da Terra Indígena Kadiwéu. Inédita no Brasil, a ação de reflorestamento visa fortalecer especialmente a primeira espécie, que está sob risco de extinção, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza.
O Campo Grande News questionou o Ministério dos Povos Indígenas, coordenação do Prev/Fogo em Mato Grosso do Sul e uma liderança da comunidade Kadiwéu sobre outras atividades de recuperação nas terras, e aguarda retorno.
As investigações sobre as origens dos incêndios nessas áreas são feitas pelo Ministério Público Federal, Polícia Federal e Ibama.
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