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Incêndios no Pantanal devem manter clima seco em nível crítico até setembro

07 julho 2020 - 07h51Sílvio de Andrade Subcom

Com um grande incêndio florestal ocorrendo há uma semana no Paraguai-Mirim, região do Pantanal de Corumbá, o período mais seco em Mato Grosso do Sul (MS), iniciado neste mês de julho, deverá apresentar um cenário crítico até setembro, segundo prognóstico climático divulgado pelo Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima (Cemtec).

A tendência é a redução da umidade relativa do ar com valores diários que podem ficar abaixo de 30% em algumas regiões do Estado, com picos mínimos abaixo de 20%, acrescida de temperaturas elevadas e acima da média. Na avaliação da Defesa Civil, um quadro que agrava a situação de pandemia devido a redução da qualidade do ar.

“São indicadores que afetam diretamente a saúde da população, onde uma das consequências diretamente associada ao coronavírus é a questão respiratória, que piora devido à fumaça”, explicou o coronel Fábio Catarinelli, coordenador da Defesa Civil do Estado.

Bombeiros utilizam trator tanque para combater incêndios em áreas de difícil acesso. Foto: Divulgação Bombeiros 

Corumbá, um dos maiores municípios do país, com 65 mil quilômetros de extensão, dos quais 70% é Pantanal, se mantém líder no ranking dos focos de calor (69,7%), com 165 ocorrências somente nas últimas 24 horas. De janeiro a junho, foram 15.097 focos na região, enquanto em todo o Estado, foram registrados 21.652.

Há uma semana ocorre um grande incêndio na região do Paraguai-Mirim (Norte de Corumbá), próximo ao Rio Paraguai, que já destruiu cerca de dez mil hectares no entorno da escola rural Jatobazinho, que atende crianças e jovens ribeirinhos no sistema de internato. Cinco bombeiros de Corumbá, seis brigadistas e funcionários da escola combatem o fogo.

“A situação está sob controle no entorno da escola, que esteve ameaçada pelo fogo devido a rápida propagação causada pelo vento, mas as chamas avançam pela vegetação”, informou Ângelo Rabelo, do Instituto Homem Pantaneiro (IHP). “A escola foi protegida por aceiros abertos com uso de tratores e esteiras”, completou.

Lavantamento do Instituto Homem Pantaneiro (IHP) contabilizou pelo mais de 200 focos de incêndio distribuídos pela Rede do Amolar. Foto: Reprodução  

PMA faz alerta

Em nota, a Polícia Militar Ambiental (PMA) lançou um alerta para que as pessoas evitem uso do fogo, especialmente neste período de prolongada estiagem, informando que quase 100% dos incêndios registrados e que causam transtornos ambientais e à saúde são de origem humana e criminosos.

Neste período (1º de julho a 30 de setembro), os órgãos ambientais do Estado não expedem licenças para a queima controlada em Mato Grosso do Sul, estendendo-se até 31 de outubro no Pantanal. “Além disso – informa a PMA -, nenhum município autoriza realização de queima em perímetro urbano em qualquer período”.

Provocar incêndio em mata ou floresta pode gerar prisão em flagrante. A pena prevista é de dois a quatro anos de reclusão, além de o infrator ser autuado administrativamente e multado em R$ 1.000,00 por hectare ou fração, em área agropastoril ou vegetação não protegida por lei, e R$ 5.000,00 por hectare em vegetação protegida.

Empresa multada

Incêndio caracterizado criminoso foi registrado em Costa Rica. Foto: Divulgação PMA

Enquando em Corumbá, a PMA investiga as causas da queimada, no município de Costa Rica, a corporação militar autuou, por meio de denúncias, uma usina sucroenergética devido a um incêndio ocorrido em uma área plantada de cana-de-açúcar, às margens da MS-135, na última semana de junho.

“O fogo era tão intenso que chegou a atingir a área urbana da cidade”, informou a PMA, que multou a empresa em R$ 294 mil. O fogo se originou na lavoura, conforme levantamento de campo, e destruiu 294 hectares de canavial. Segundo a PMA, a empresa alegou que o incêndio foi criminoso, porém não apresentou provas, bem como comprovação de licença ambiental para a queima controlada, proibida no período.

 

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