Firmada parceria entre IHP e AgroTools para salvar as cabeceiras do Pantanal
06 junho 2016 - 12h15Redação
O Instituto Homem Pantaneiro (IHP) lançou neste sábado, 4 de junho, o projeto Cabeceiras do Pantanal, que vai monitorar as bacias de rios da região, assegurando assim a preservação das nascentes e de animais ameaçados de extinção, como a onça-pintada, por exemplo. A iniciativa ganha escala graças a uma série de soluções tecnológicas desenvolvidas pela AgroTools, maior empresa de big data do país e líder mundial no processo de geomonitoramento de de riscos de ativos biológicos. “A soma de esforços entre os nossos parceiros, assegurará o crescimento contínuo do agronegócio, sem que se abra mão da lucratividade e, ao mesmo tempo, da biodiversidade. Isso é fundamental, afinal, 70% dos alimentos que consumimos dependem da biodiversidade, para a qual, muitas vezes, o ser humano dá as costas, desprezando-a e tratando-a de forma inadequada, sem pensar no futuro. O papel da AgroTools é fundamental neste processo’, esclarece Angelo Paccelli Cipriano Rabelo, presidente do IHP. Além da parceria com a AgroTools, Rabelo anunciou também, com a Rede Amolar, a Fundação Neotrópica, ampliando assim a área de monitoramento para outras bacias como as dos rios Bonito, da Prata, Formoso, Perdido e Aquidabã; e com a Fundação Ecotrópica, para a nascente do rio Paraguai. Essas entidades funcionarão como Guardiães de outras tantas sub bacias, informou.
A disponibilização da Plataforma GeoPantanal e do aplicativo GeoBrother tornaram-se possíveis através do convênio técnico-científico, firmado em 2012, entre o IHP e a AgroTools. Por meio da tecnologia geoweb proprietária da AgroTools, o projeto que iniciou no norte da Bacia do Alto Paraguai, em 2013, e em seguida, ampliou-se o seu alcance para toda a bacia, integrando os dados levantados pelo IHP e atuando, ainda, como ferramenta do programa de monitoramento da Rede de Proteção e Conservação da Serra do Amolar - RPCSA. De 2015 para cá, essa plataforma passou a armazenar os dados no Projeto Cabeceiras, cujo objetivo principal é preservar as nascentes dos rios do Pantanal, por meio da coleta de informações territoriais que permitam a ação nos pontos mais críticos de cada uma delas. “Trata-se de uma nobre iniciativa comandada pelo Cel. Rabelo, da qual temos a enorme satisfação de fazer parte, O papel da AgroTools mostra-se muito relevante, ao apoiar as estratégias de Gestão Territorial e prover um inovador pacote tecnológico que visa dar escala ao projeto, agregando transparência às ações com o portal GeoPantanal e mais força aos guardiões do Pantanal com o aplicativo GeoBrother", destaca Breno Felix, diretor de Operações e Inovação da AgroTools.
Um dos grandes desafios será monitorar uma área tão grande como a do Pantanal, garantindo sua recuperação. Por isso, turistas, produtores, prestadores de serviços, e outros que estejam no local da iniciativa poderão colaborar compartilhando informações sobre áreas degradadas ou já em recuperação, dados do ecossistema, etc. Todas essas informações são migradas e centralizadas na plataforma GeoBrother Pantanal, possibilitando um diagnóstico cada vez melhor para orientar as políticas ambientais e os trabalhos dos vários setores envolvidos na proteção e conservação do ecossistema.
Geotecnologia a serviço da biodiversidade
Idealizado pelo IHP/Rede do Amolar, o projeto Cabeceiras do Pantanal tem como objetivo realizar o levantamento da situação das nascentes do Pantanal. Com auxílio da geotecnologia e viagens a campo, o projeto identificou uma grave situação que demanda a ação dos vários setores da sociedade, em níveis nacional e internacional. Por meio dos dados coletados, o Cabeceiras do Pantanal ajuda a apoiar na tomada de decisões sustentáveis dos diferentes atores e na formulação de políticas ambientais para a região.
Um dos principais instrumentos do projeto Cabeceiras do Pantanal, a Plataforma GeoPantanal (geopantanal.agrotools.com.br), é uma ferramenta web que visa a organização, a visibilidade e o compartilhamento de dados sobre a Bacia do Alto Paraguai (BAP), o Pantanal e a Serra do Amolar. A Plataforma é fruto do trabalho conjunto entre a empresa de geomonitoramento e gestão de riscos socioambientais, Agrotools, e a organização não-governamental Instituto Homem Pantaneiro/Rede de Proteção e Conservação da Serra do Amolar (IHP/RPCSA).
Informações sobre a conservação e recuperação dos recursos naturais da região são espacializadas na plataforma Geopantanal com o objetivo de auxiliar na manutenção e preservação do bioma Pantanal. A plataforma é geocolaborativa, pois reunirá informações de diferentes modos e estará disponível para pesquisadores, gestores, técnicos ambientais e todos os interessados na preservação da região.
O lançamento do GeoBrother Pantanal é mais um resultado da parceria entre IHP/RPCSA e a Agrotools. Trata-se de um aplicativo que será distribuído às lideranças ou organizações ambientais previamente cadastradas, denominados Guardiães, a quem caberá registrar com fotografias as nascentes de sua área de atuação. Essas imagens serão inseridas na Plataforma GeoPantanal, ajudando a ampliar as informações existentes e facilitando no monitoramento ambiental. “Queremos possibilitar o alcance das nossas soluções tecnológicas àqueles que, como nós, entendem que, sem a preservação do planeta, não teremos as condições adequadas para assegurar a manutenção das espécies, assim como das nascentes, dos diferentes biomas que integram o nosso país, e, claro, da vida na Terra’, diz Felix.
A Plataforma GeoPantanal e o GeoBrother Pantanal ilustram uma das principais estratégias do projeto Cabeceiras do Pantanal: mobilizar organizações dos vários setores para um trabalho conjunto em prol das nascentes dos rios. Além da AgroTools, já formalizaram o apoio ao projeto a Rede Mato-grossense de Rádio e Televisão, UFMS/CPAN, Ibama, dentre outros.
Ranking da degradação das sub bacias do Alto Paraguai aponta situação crítica do Rio Sepotuba
Um ranking sobre o grau de degradação das sub bacias do Alto Paraguai é um dos primeiros resultados concretos do projeto Cabeceiras do Pantanal (Figura). As dez sub bacias que formam a Bacia do Alto Paraguai – região onde se insere o Pantanal – foram analisadas pelos pesquisadores. A sub bacia do rio Sepotuba é a que se encontra em situação mais crítica e, em melhor estado de proteção, está a do rio Correntes.
Para avaliar a situação das sub bacias foram usados os seguintes indicadores: número de nascentes, extensão dos rios, número de habitantes, de propriedades e de áreas antrópicas, existência de áreas indígenas e trabalho análogo ao de escravo, registros de áreas embargadas, áreas de preservação permanente, unidades de conservação e áreas prioritárias para a conservação. Também foram verificadas áreas desmatadas e a existência de queimadas. Cada um desses itens corresponde a uma determinada pontuação que estabelece o grau de degradação. Para cálculo final, as áreas com maior número de nascentes tiveram prioridade no quesito conservação.