O governo boliviano anunciou a criação de uma Divisão Técnica de Identificação Veicular em Puerto Suárez, que fica a 20 km de Corumbá. A ideia é dificultar a travessia de carros brasileiros furtados, roubados ou que foram alvo de apropriação indébita a partir da faixa de fronteira, considerada uma das principais rotas utilizadas pela criminalidade.
A possibilidade de conseguir atravessar um veículo na região de fronteira do Brasil com a Bolívia existe porque ainda há fiscalização falha em território brasileiro. Além disso, os caminhos para se chegar ao território boliviano vão muito além da BR-262, via Posto Esdras, onde há unidade da Receita Federal com déficit de funcionários e ainda existem estradas vicinais na região, que não possuem policiament frequente.
Na Bolívia, também existem dificuldades na fiscalização, já que há efetivo reduzido em muitas vias de acesso ao Brasil paralelas à área com mais concentração de policiais. Até o começo deste mês, também faltava uma unidade especializada nos municípios fronteiriços bolivianos que permitisse a identificação de irregularidades em carros.
A partir desta semana, o governo boliviano promete mudar essa condição com a criação de uma Divisão Técnica de Identificação Veicular. O anúncio sobre essa nova estrutura foi feito pelo ministro de governo Carlos Eduardo del Castillo del Carpio, que visitou Puerto Suárez e também foi a Corumbá para divulgar detalhes à prefeitura e autoridades locais.
As perícias certificadas pela unidade vão permitir obter a comprovação que carros estejam com documentos falsificados ou que tenham sido remarcados para tentar garantir que pudessem rodar na Bolívia.
“Com base em alinhamento do Ministério de Governo da Bolívia e instruções do Comando Geral, a Direção Nacional do Diprove abriu uma Divisão Técnica de Identificação Veicular em Puerto Suárez, que permitirá um controle efetivo em veículos sem documentação, roubados e remarcados. Uma forma de lutar contra esse tipo de crime transfronteiriço”, divulgou a Polícia Boliviana.
O Diprove é o órgão na Bolívia que atua no setor veicular e permite a repatriação de carros que são roubados ou furtados no Brasil, mas acabam sendo identificados após cruzarem a fronteira. Esses veículos têm origem em diferentes estados. Mato Grosso do Sul é um dos locais, por conta da proximidade, mas também há alguns que são alvo de crimes em São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Amazonas e Paraná.
A Polícia Civil desses estados precisam fazer contato com o Diprove para comunicar os crimes e, a partir de um trabalho conjunto, inicia-se um processo de investigação para monitorar onde os veículos podem estar. O tenente-oficial investigador do Diprove, Eddy Triveño Corrales, detalhou que o cruzamento de informações é a arma que as autoridades têm para combater o crime.
“A relação é muito boa [com as polícias brasileiras]. Cruzamos informações para conseguir ter êxito em recuperar mais veículos”, contou.
Ele atua em Puerto Suárez e informou que, nesta semana, foi possível realizar a devolução de três veículos a proprietários brasileiros: um deles pertence a um morador do estado do Amazonas, um representante da Polícia Civil de lá participou do ato; um SUV da diretora da escola municipal José de Souza Damy, vítima de sequestro no inicio de janeiro; e uma moto pertencente a outro morador da Capital do Pantanal.
“Esse perito que vai trabalhar aqui na província de Germán Busch vai atender à demanda das cidades de Puerto Suárez, Puerto Quijarro. Esperamos que haja um aumento de identificação e devolução de veículos para o Brasil”, projetou Eddy Triveño Corrales.
Em 2021, a unidade do Diprove em Puerto Suárez divulgou que conseguiu identificar e devolver 70 veículos para proprietários brasileiros de diferentes estados.
Locadoras
Uma das principais vítimas dos veículos que são levados para o país são as locadoras. A Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla) estima que 1% da frota é alvo de criminosos.
“A associação estima que o setor enfrenta, atualmente, pelo menos 10 mil tentativas de apropriação indébita por ano no País. A frota no fim de 2020 era de um milhão de automóveis e comerciais leves. Como o valor médio dos veículos está em R$ 70 mil, o valor de patrimônio das locadoras sujeito a esse risco é estimado em, pelo menos, R$ 700 milhões”, informou em nota enviada ao Correio do Estado.
A Abla detalhou que ainda não tinha informação sobre as medidas que o governo boliviano implantaria na fronteira, que podem gerar impacto econômico gigantesco. Conforme a entidade, parte dos veículos são repassados a terceiros em vendas feitas com preço abaixo do mercado. Outra parte segue para o exterior, como é o caso da Bolívia.
Quando ocorre a apropriação indébita, e não o furto, juridicamente, há obstáculos que dificultam a comunicação do crime para impedir que os veículos consigam cruzar a fronteira antes que autoridades tenham sido notificadas.
Detrans e polícias têm base de dados para informar furtos e roubos, mas o mesmo não ocorre com a apropriação indébita.
“A Abla busca avançar para que conste nos registros dos Detrans não apenas os casos de roubo e furto, mas também os de apropriação indébita. A atual falta de sistemas interligados na gestão dos Detrans e das polícias [é um problema]. Os próprios criminosos precisam enfrentar mais restrições de circulação quando estão em posse desses veículos”, detalhou a associação.
* Com informações do Correio do Estado
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Nesta semana, a Diprove devolveu três veículos a proprietários brasileiros, entre eles o da diretora da escola municipal de Corumbá, vítima de sequestro no inicio de janeiro. (Divulgação)


