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Indústria da morte arma nova estratégia para faturar com pacientes vítimas de câncer

19 abril 2016 - 09h41Gesiane Medeiros
A Lei que libera produção e comercialização do medicamento Fosfoetanolamina Sintética, a chamada pílula do Câncer, foi aprovada pela presidente Dilma Rousseff no dia 14 de abril. A partir desta data os laboratórios credenciados são obrigados, dentro de 30 dias, fabricar o medicamento para comercialização. O uso da Fosfo se dará a partir de prescrição médica e termo de responsabilidade assinada pelo paciente, confirmando ciência dos possíveis efeitos colaterais do medicamento, ainda não aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O advogado corumbaense, Alexandre Orro, que foi participante da luta pela aprovação da Lei, apontou uma saída de mestre da indústria farmacêutica para driblar a comercialização da Fosfo, e não amargurar o prejuízo da queda da quimioterapia. Segundo o advogado, no dia seguinte à aprovação da Lei da Pílula do Câncer, foi dada entrada para aprovação da Imunoterapia, procedimento muito semelhante ao da Fosfo, que custa R$ 70 mil reais por aplicação. Para Alexandre, fica claro que o interesse da economia farmacêutica em aprovar a Imunoterapia, em tempo recorde na Anvisa, é muito maior. “O procedimento já é utilizado fora do Brasil há anos, mas nunca houve interesse em ser comercializado no país, porque a indústria da quimioterapia sempre rendeu milhões”, indica o advogado. Quando produzida no Laboratório de Química da Universidade de São Paulo (USP), a pílula da Fosco custava R$ 0,10, a diferença de valores é gigantesca. “A briga econômica realmente existe, os fabricantes de produtos oncológicos, vão sofrer um baque muito grande. Com a liberação da Fosfo, acredito que a doença se torne crônica, assim como aconteceu com a AIDS, quando se acreditava que o portador do vírus estava condenado a uma morte rápida, porém com o desenvolvimento do coquetel, a realidade mudou e a pessoa passa a morrer com a AIDS e não por conta da AIDS. O advogado explica como foi a briga judicial desde a entrada da liminar até a aprovação pela Presidente Dilma, “quando a minha mãe comentou sobre a Fosfo, em julho do ano passado, mês em que o medicamento teve a produção proibida no laboratório da USP, fui até São Paulo conhecer de perto casos tratados pelo medicamento e conversei com os advogados que estavam iniciando o trabalho. Nos unimos e decidimos entrar com o máximo possível de ações para evidenciar o caso nacionalmente, causar repercussão, em cerca de um mês e meio, já existia uma Lei no Congresso para ser aprovada, ou seja, a campanha feita pelos advogados causou uma mobilização no país”, explica Alexandre, que apontou ainda que as pessoas ficaram sem entender “como um medicamento com tantas chances de melhora para uma doença considerada o mal do século, e está há 20 anos sendo estudada, não obteve avanços para a comercialização”. Cada pílula da Fosfo pode custar até R$ 1,00 enquanto a quimioterapia custa em média R$ 15 mil. Alexandre perdeu a mãe, Rosa Mavignier, em 4 de março, após uma árdua batalha contra o câncer. Rosa foi criadora da campanha nacional Lenço Solidário, que estimulava a autoestima através da doação de lenços para pacientes.   Sobre a Fosfoetanolamina Sintética A FOSFOETANOLAMINA é uma substância produzida pelo corpo humano e pode ter como função ser antitumoral, possuindo ação antiproliferativa e estimulativa a apoptose, que seria uma “morte celular programada”, ou seja, impede que o câncer se espalhe e produz a morte de suas células. Os estudos a Fosfo foram iniciados no começo dos anos 90 pelo professor Gilberto Orivaldo Chierice, no Instituto de Química de São Carlos – USP, e o mesmo descreve a ação da substância como uma espécie de marcador, sinalizando para o corpo sobre a célula cancerosa, deixando as mesmas mais visíveis para que o sistema imunológico a possa combater. A pesquisa que vem sendo realizada há 20 anos, e conta com dissertações de mestrado apontando resultados positivos na contenção e redução de tumores, através da utilização da droga em animais, e mais de 800 tiveram resultados positivos em tratamentos realizados com o medicamento.  

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