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COLUNA

Entrelinhas

Sylma Lima

Nadando no mar azul

Praticamente sem oposição e com 24 deputados estaduais aliados, o governador Eduardo Riedel (PSDB) navega em águas tranquilas na gestão pública estadual.

07 abril 2025 - 10h29

O governador Eduardo Riedel (PSDB) navega em águas tranquilas na gestão pública estadual. Praticamente não tem oposição e tem 24 deputados estaduais à sua disposição para apoiar qualquer proposta de alteração legislativa, ou controle político, externo, fiscalizatório da administração pública nos vários aspectos, como da legalidade, legitimidade e economicidade. Não há denúncia de licitações suspeitas, contratos sem licitações (dentro da lei, claro), excessos de cargos comissionados, falta de manutenção de estradas estaduais, privatização da saúde em alguns hospitais, etc. No Diário Oficial, todos os dias são publicados extratos de contratos milionários com setor da informática, palestras a peso de ouro de expert, mega divulgações com estandes, produções, propaganda, e gastos com publicidade pública são enormes.

Mas nada disso é alvo de quaisquer críticas ou debates. Isso tudo, com requintes de fala em termos técnicos, do gestor mor, como compliance no setor público, accountability, governança, compromisso, responsabilidade, transparência, ética, meritocracia, investimentos, visão do futuro. Está parecendo que o pessoal do Coaching anda pelo governo dando uns conselhos, ao estilo moderno da neuroliderança, neurocoaching e neurogestão, com habilidade, e tentado impor hegemonia política no estado.

Sem oposição e sem candidatos até o momento para disputar as eleições em 2026, Riedel vai surfando no oceano azul. Acordos com todos os deputados, distribuição de cargos e secretarias, sustar qualquer indício de investigação ou crítica e agradar a todos, inclusive os inimigos políticos do passado (como do PT), são estratégias políticas de governo que têm seus limites e custos, que podem ficar represados por um período, mas depois aparecem com todo o gás, com cobranças e danos possíveis e imagináveis. Enquanto isso, vários deputados estaduais foram à manifestação (ocorreu domingo, 06/04) a favor dos condenados pela invasão, depredação do Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal e tentativa de golpe do dia 8 de janeiro de 2023.

Atos estes também chamados por alguns de Intentona Bolsonarista. Em síntese, pretendem com isso anular condenações passadas e futuras e tornar o ex-presidente elegível para as eleições de 2026. Já o governador Riedel quer o apoio de Bolsonaro, visto o perfil de seus eleitores. Vamos ver o jogo político de apoios, acordos e desacordos no xadrez eleitoral. Porém, para o cargo de governador de Mato Grosso do Sul só há um candidato até o momento, o próprio governador Riedel. Inclusive, já no primeiro ano de mandato, outros partidos já declararam apoio à reeleição do governador. Fato inusitado e interessante analisar sob vários aspectos engendrados no muito citado “Presidencialismo de Coalizão”, que alcança todas as esferas de poder no âmbito do Executivo e Legislativo (e até mesmo no Judiciário).

No mundo dos acordos partidários, basta o líder manejar com o presidente de determinado partido e logo tudo fica acertado para evitar oposição. A ideia atual tende a ir em direção a uma quase autocracia. Mas com contornos novos, manejando opositores, inibindo críticas, praticando um governo de coalizão no limbo entre o legal e o ilícito, e chegando ao ponto de não ter concorrentes, sendo todos cooptados, levando até mesmo a candidatura única, o que seria inédito.

Só falta então, ano que vem, o governador Riedel ser o único candidato ao governo, ou apenas uns concorrentes sem qualquer chance. Candidatura única pode também demonstrar enorme apoio eleitoral, governo perfeito, incólume, sem máculas, um verdadeiro paraíso de gestão. Ou é simplesmente um engodo, uma matrix, uma artimanha de poder único ou desencanto eleitoral. Eventuais opositores estão escondidos, às sombras do Poder, aliciados num contexto de hegemonia imposta no momento. Sem líderes e dispersos, o governo vive tempos de tranquilidade.

No século I. A.C. em Roma Quintus Tullius Cicero apresentou uma carta de conselhos ao seu irmão, Marcus Tulluis para concorrer ao cargo de cônsul, o cargo mais alto da República Romana. Vamos replicar alguns desses conselhos para comparar como os tempos atuais. Os conselhos eram para ganhar uma eleição, mas servem hoje para como manter-se no poder. É pragmático e forte na manipulação, onde são deixados de lado o idealismo, ética e o bem comum.

Vejamos alguns conselhos de Cicero há 20 séculos:

1-Construa uma ampla base de apoio;
2-Cobre todos os favores;
3-Prometa tudo a todos;
4-Tenha habilidade de comunicação;
5-Conheça as fraquezas dos seus oponentes, e as explore;
6-Cerque-se de pessoa certas;
7-Dê esperança às pessoas.

Indaga-se: Quem irá enfrentar o governador Eduardo Riedel (PSDB) nas eleições de 2026?

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